terça-feira, 8 de abril de 2008

Fidel Castro














1960: Fidel fuma charuto em Havana







Em quase meio século como líder de Cuba, Fidel Castro escreveu uma história pontuada por grandes conquistas e perdas significativas. Se educação, saúde, redução de miséria e emprego são áreas em que é impressionante a evolução do país após a revolução, em categorias como direitos humanos, liberdade de expressão, democracia e acesso a bens de consumo Cuba consta como um contra-exemplo no cenário mundial.







Regime de Fidel cerceou democracia e direitos humanos, mas melhorou qualidade de vida







Quando os revolucionários desfilaram triunfalmente pelas ruas de Havana, em janeiro de 1959, foram festejados por interromperem uma ditadura corrupta e repressiva que durava quase sete anos. O presidente deposto Fulgencio Batista e alguns funcionários de seu gabinete recebiam comissões financeiras dos EUA pela comercialização do açúcar da ilha. À época, de cada quatro cubanos, ao menos um não sabia ler. As duas informações, extraídas do livro "De Martí a Fidel - a revolução cubana e a América Latina", do historiador brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira, ajudam a entender como os revolucionários, bastante inferiores numericamente e em poder de fogo ao exército de Batista, derrubaram o governo: conquistaram o apoio de cidadãos insatisfeitos.





Amparados pela popularidade obtida, os revolucionários implementaram, nos primeiros 18 meses de governo, medidas radicais, como a reforma urbana, a reforma agrária e a estatização das empresas.








"A lei da reforma urbana, uma das primeiras baixadas pelo novo regime, determinou que todo mundo passava a ser dono da casa em que vivia. Quem tivesse, além da casa em que morava, um imóvel a mais, perderia a segunda propriedade e receberia do governo 500 pesos mensais, em caráter vitalício e não hereditário. Os proprietários de mais de dois imóveis eram simplesmente expropriados, a partir do segundo imóvel, sem direito a indenização. Os antigos inquilinos compravam a casa, pagando o preço ao Estado, num prazo que variava de três a oito anos", narra o repórter e escritor Fernando Morais no livro "A ilha", de 1976.Segundo Moniz Bandeira, em 18 meses de revolução, o governo de Fidel nacionalizou mais de 75% da indústria do país, inclusive a produção e o comércio de açúcar, os recursos minerais, o sistema bancário, o comércio interno e o comércio exterior, os meios de transporte e de comunicação, e todas as escolas privadas.Já a reforma agrária, que a exemplo da urbana foi decretada no primeiro semestre de 1959, determinava que nenhuma propriedade do país poderia ter mais do que 402 hectares. Só a United Fruit Company, multinacional americana, possuía 200 mil hectares de latifúndio. A desapropriação de suas terras sem indenização foi um dos fatores que conduziram o governo dos EUA a cortar relações diplomáticas com Cuba -depois de adotar medidas de restrição econômica como o corte em 700 mil toneladas nas compras de açúcar da ilha.

Fidel Castro se dirige ao público de Havana em 1975




Se perdeu os EUA, até então seu grande parceiro econômico, Cuba pôde logo contar com a ajuda da União Soviética, a quem interessava geopoliticamente manter um aliado tão próximo à superpotência rival. Os comunistas passaram a comprar cotas fixas de açúcar da ilha e a fornecer petróleo a preços mais baixos, entre outros auxílios econômicos.




Organizando mutirões para a construção de casas para os sem-teto, de escolas e hospitais, assim como priorizando agricultura, saúde e educação, em um sistema planificado pelo Estado, o regime de Fidel logrou, ao longo dos anos, índices sociais invejáveis ao mesmo tempo em que restringia e nivelava por baixo o acesso a bens de consumo. Se durante muitos anos houve falta de produtos -as cubanas usavam o papelão de rolos de papel higiênico como bobes para cachear seus cabelos, por exemplo-, a miséria, as favelas e o analfabetismo foram praticamente erradicados.

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