terça-feira, 8 de abril de 2008

Cuba x Raúl Castro

Raúl Castro é o novo presidente de Cuba
"Companheiro" Fidel Castro rejeita mudança em Cuba após renúncia
Raúl Castro foi escolhido presidente de Cuba neste domingo e, em seu primeiro discurso, prometeu reduzir a estrutura do Estado, melhorias na economia e continuidade política. Em um dos principais trechos de seu pronunciamento, Raúl Castro prometeu como medida a ser tomada a partir da próxima semana eliminar o "excesso de proibições que já não têm sentido". O general de 76 anos substitui seu irmão, Fidel Castro, que deixou a Presidência da ilha após 49 anos e 55 dias no poder.

Em seu primeiro discurso como presidente, o general Raúl Castro, vestido em um traje civil azul escuro, disse que "Fidel é Fidel. Ele é insubstituível". "Assumo a responsabilidade que me encomendam com a convicção (...) de que o Comandante em Chefe da revolução cubana é um só", disse, se referindo a Fidel Castro. O novo presidente também reiterou a sua convicção no Partido Comunista Cubano e no socialismo. Ainda acrescentou que poderia continuar a consultar Fidel em decisões de Estado como defesa e política internacional.

Na questão da administração da ilha, Raúl Castro disse que irá reduzir os órgãos do Estado para tornar sua gestão "mais eficiente". "Hoje é necessária uma estrutura mais compacta e funcional, com um número menor de organismos da Administração Central do Estado e uma melhor distribuição das funções", disse.O novo presidente terá pela frente o desafio de implantar reformas econômicas que permitam resolver a questão do abastecimento. A população da ilha enfrenta uma crise de escassez de alimentos e não conta com serviços essenciais. Em seu primeiro discurso como presidente neste domingo, Raúl Castro disse que seu governo terá como prioridade "satisfazer às necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais, partindo do fortalecimento do crescimento sustentado da economia". Também disse que estuda valorizar o peso cubano.

Raúl Castro, considerado menos carismático que Fidel porém mais pragmático, exercia a Presidência de Cuba interinamente há 19 meses, quando Fidel se afastou do cargo por questões de saúde. Desde então, Raúl Castro tem defendido a necessidade de fazer reformas estruturais, mas sem abandonar o socialismo. Ele ainda criticou o "excesso de proibições" que existe na ilha.As tais "proibições" retornaram no discurso do novo presidente neste domingo. Raúl Castro disse que "nas próximas semanas, começaremos a eliminar as [proibições] mais sensíveis, já que muitas delas tiveram como objetivo evitar o surgimento de novas desigualdades em um momento de escassez generalizada". A declaração pareceu vaga pois ele não explicou o que significam essas "proibições". No entanto, elas podem se referir aos limites para viajar ao exterior, hospedar-se em hotéis para turistas ou comprar e vender casa e automóveis, temas recorrentes entre os cubanos.

O número doisJosé Ramón Machado Ventura, médico de 77 anos, será o primeiro vice-presidente, considerado o número dois na hierarquia cubana. Ele é um integrante da velha guarda do Partido Comunista Cubano e um dos remanescentes do grupo revolucionário original. Segundo a rede de televisão britânica BBC, sua escolha surpreendeu alguns observadores, que esperavam a nomeação de um representante da nova geração de líderes comunistas. A aposta de analistas políticos estrangeiros, segundo a agência de notícias Reuters, era Carlos Lage, médico de 56 anos, que na década de 1990 dirigiu as reformas econômicas que abriram algum espaço para o investimento estrangeiro e para uma limitada iniciativa privada.

O novo presidente foi eleito pela Assembléia Nacional de Cuba, formada por 614 deputados. O nome de Raúl Castro foi aprovado por unanimidade, por todos os parlamentares. Esta é a primeira transição na Presidência de Cuba desde que uma revolução, liderada por Fidel Castro e Che Guevara, derrubou o ditador Fulgencio Batista, em 1º de janeiro de 1959.

Na última terça-feira (19/02), Fidel Castro renunciou ao cargo de presidente. Em carta publicada no jornal oficial do país, o "Granma", Fidel Castro disse: "A meus caros compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger, recentemente, como membro do Parlamento (...) comunico que não desejarei nem aceitarei - repito - não desejarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante Chefe".

Fidel Castro, de 81 anos, continuará como chefe do Partido Comunista, o único legalizado na ilha.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/02/24/ult23u1247.jhtm

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